Pelas mãos de quatro adolescentes chinesas, fios e carretéis sobem e descem. O corpo se contorce, os objetos são atirados para cima e retornam. Todos os dias é a mesma rotina tarefa que se transformou em parte da vida de Huang Wandong, Sang Ning, Sang Jing e Li Na, todas de 14 anos.
As meninas são estrelas do Cirque du Soleil no espetáculo Quidam e, em um ano de atividades com a trupe, fizeram do circo uma extensão da própria casa. E o que elas aprenderam com isso? Muita disciplina, dia a dia regrado e novas formas de se relacionar com os amigos.
"Temos tempo para olhar TV, brincar com outras crianças e estudar. Mas precisamos superar a dificuldade de errar quando estamos no palco" - conta Huang.
As canadenses Dalyane Gauthier, 17 anos, e Ella Bangs, 13 anos, também cresceram e aprenderam com a atividade circense. Cantoras do espetáculo há três anos, elas viajam pelo mundo longe dos pais e, desde cedo, conquistaram a independência e se familiarizaram em viver em grupo, falando diversos idiomas.
"Começamos muito cedo e tivemos sorte. Frequentamos aulas no próprio circo, sabemos como lidar com regras e como respeitar nossas atividades" – diz Dalyane.
Crianças e adolescentes não precisam, obrigatoriamente, fazer parte da equipe do Cirque du Soleil para aprender com o circo. Quem senta em frente ao picadeiro, seja sob uma lona velha ou sob uma tenda bem equipada, como a da companhia que se apresenta em Porto Alegre, encanta-se e leva ensinamentos para a vida.
O primeiro deles e, talvez, o mais marcante é a fantasia. A mescla de apresentações de mágicos, malabaristas, trapezistas e palhaços transforma cada ato em um convite para a criatividade, instiga a imaginação e o lado lúdico de crianças e adultos, explica a psicóloga e psicanalista Patrícia Viviani da Silva.
"O importante é que elas possam imaginar, criar sobre aquilo que está acontecendo. No momento em que os personagens transmitem alegria e fantasia, isto se transforma em algo fundamental para a construção simbólica do universo infantil. Além disso, quando crescem podem ser adultos mais criativos" – explica a psicóloga.
É por meio da expressão por meio da arte circense que os pequenos também podem revelar o que estão sentindo. Ao imitar aqueles que compõem o elenco do show, as crianças expressam o momento que estão vivendo. Para que a atitude tenha um reflexo positivo, pais e cuidadores devem estar atentos aos sinais.
"Nesta fase, é essencial que os adultos compreendam o que a criança quer dizer" – diz Patrícia.
Outro ensinamento está ligado aos bastidores. Cada vez mais, o circo é usado como instrumento de inclusão social, porque tem o poder de atingir todas as faixas etárias e sociais. Como resultado do trabalho, crianças que participam de aulas circenses têm desenvolvimento motor afinado, aprendem a se relacionar melhor e sabem conviver em grupo.
"O circo cativa também pelo medo, pelo perigo. Quem entra, ganha mais desenvolvimento porque as atividades funcionam como qualquer ginástica de alto rendimento" – explica Xico de Assis, professor do Departamento de Artes Dramáticas da UFRGS.
Matéria: ANELISE ZANONI | anelise.zanoni@zerohora.com.br clicRBS
Fotos: Jonathan Anchieta
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Fotos: Jonathan Anchieta
Grande Jonh e família. Continuem com esse trabalho maravilhoso que Deus abençoe vcs!!!Aqui para serví-los no que precisar; Álvaro e Thaísa
ResponderExcluirMuito boa a escolha da materia, e como é fato o que a arte proporciona na vida do ser humano, principalmente na vida das crianças.
ResponderExcluirE sei bem que os autores do blog e da profissão sabem fazer isso com muita capacitação e bençãos divina.